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28 de jan. de 2010

Solidão é problema comum na vida de pastores e líderes.

Antonia Leonora van der Meer

Solidão é problema comum na vida de pastores e líderes.
É certo que eles sempre devem estar prontos para aconselhar, ajudar, afirmar e apoiar os outros, mas geralmente poucos se lembram que também são seres humanos com limitações, fraquezas, angústias e muita necessidade de apoio e de compreensão.  Alguns têm amigos para desabafar, mas a maioria receia abrir o coração e compartilhar fraquezas e dificuldades, com medo de serem usadas para falar mal deles e diminuir sua credibilidade. No entanto, um pastor solitário que não tem com quem se abrir corre muito mais perigo de vacilar ou ceder a uma tentação. A Bíblia diz que "melhor é serem dois", e isso não se aplica unicamente ao casamento, ainda que na intimidade do lar pode e deve existir uma verdadeira fonte de apoio e encorajamento mútuo.

Há alguém que pode cuidar do líder?
Na igreja, o conselho deveria ser um ambiente de apoio ao pastor, mas isso raramente acontece e, para muitos, o conselho é o grupo que mais lhe causa tensões no ministério. Em algumas cidades há associações de pastores que oferecem um ambiente de comunhão, compreensão e apoio mútuo, mas nem sempre esses ambientes oferecem segurança e privacidade permitindo que o líder possa realmente abrir o coração. Em teoria, nas denominações com estrutura mais hierárquica, também deveria ter alguém que cuidasse dos pastores e líderes, mas raramente elas oferecem esta possibilidade. Alguns pastores têm coragem de ter um relacionamento transparente com seus discípulos, mas a maioria acha que isso não é possível, nem saudável. Pensam que o líder deve sempre mostrar que tem força e sabedoria para enfrentar qualquer situação. Enfim, parece que o pastor não deve abrir o coração para ninguém, para se proteger de fofocas e intromissões indesejáveis em sua vida.
Há esperança para líderes solitários!
O líder pode e deve desenvolver relacionamentos pessoais de confiança onde tenha a oportunidade de compartilhar mutuamente as lutas, dores, frustrações e alegrias, além de orar uns pelos outros. É importante encontrar alguém a quem podemos confessar sentimentos de angústia, receber afirmação da outra pessoa e a liberdade para uma visão mais realista das dificuldades. No apoio e na compreensão a esperança volta a nascer. Alguém que me vê como realmente sou pode me compreender e apoiar e isto é uma bênção muito grande. Devemos buscar desenvolver esse tipo de relacionamento com algumas pessoas, buscando sempre o discernimento de Deus. Por que é que os líderes chegam a sofrer estafa? Pode ser o resultado da batalha espiritual na qual estamos envolvidos. O líder deve ter liberdade para sair um pouco da linha de frente e descansar. É necessário prevenir a estafa, tirar dias de descanso e achar pessoas com quem possa conversar e desabafar. Fale com Deus e escreva seus sentimentos em salmos de lamento e de súplicas. Tire uma folga para avaliar a situação e tomar decisões que ajudem a equilibrar as coisas. Escute boas músicas e mensagens inspiradoras. Um bom acompanhamento pode significar a diferença entre o desenvolvimento de um líder maduro e sensível e uma pessoa derrotada, fechada ou autoritária.
Aprendendo da Bíblia
Por várias vezes Jesus fala aos discípulos sobre seu sofrimento nos evangelhos de Marcos 8:31; 9:12, 31; 10:32-34 e de Mateus 16:21; 17:22-23; 20:17-19. Depois da confissão de Pedro, Jesus explicou aos discípulos que Ele iria sofrer, ser rejeitado, ser morto e ressuscitar após três dias. Ele abriu seu coração a eles. No Getsêmani, Jesus começou a se sentir "aflito e angustiado" (Mc 14:33). Jesus orou: "Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres" (Mt 26:39). "Estando angustiado, ele orou ainda mais intensamente; e o seu suor era como gotas de sangue que caíam no chão" (Lc 22:44). Naquela hora crítica, ele pediu o apoio e abriu o coração, compartilhando sua angústia com seus discípulos mais próximos.
Paulo é visto como homem forte, capaz de enfrentar todas as lutas. Mas em 2 Timóteo, o Paulo que escreve para seu discípulo é um homem velho, na prisão, que sabe que concluiu seu ministério, mas ainda luta com necessidades humanas reais (2 Ti 4:9-21). Ele foi abandonado pelos amigos e ficou sem apoio em sua primeira defesa. Ele enfrentou sua provação sozinho e se sentiu terrivelmente abandonado pelas igrejas e pelas pessoas que amava. Vários de seus companheiros mais próximos o deixaram. Paulo está sozinho na prisão e pede três coisas: pessoas para lhe fazerem companhia, uma capa para mantê-lo quente e livros. Ele pede a Timóteo que venha logo.
Em toda essa situação, entretanto, a presença de Cristo é muito real. Podemos e devemos ajudar nossos líderes e nos ajudar mutuamente a depender da presença e do conforto de Deus. É fundamental que nossa permanência ao lado dos líderes seja feita em amor, compreensão e encorajamento contínuo.

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